terça-feira, 26 de novembro de 2013

Quem você quer ser antes de crescer?

Ou "Carpando um diem"


Tem essa coisa engraçada sobre as pessoas: Elas nunca são como você acha que elas são. E, muitas vezes, elas também não são como parecem ser na sua frente. A verdade é que as pessoas são muito mais bonitas na nossa cabeça. Esse texto é sobre o passado, o presente, o futuro e pessoas de papel. 

Aos catorze anos de idade eu li uma matéria no jornal que falava sobre a passagem da Hilary Duff - de quem eu era extremamente fã - pelo Brasil. Na entrevista, ao responder uma das perguntas, ela disse que era "workaholic", viciada em trabalhar. Eu amei aquela expressão e fiz uma escolha: eu queria vencer na vida. Eu queria escolher uma profissão que me fizesse querer ser uma workaholic. Aí eu decidi fazer jornalismo.

Eu ainda quero vencer na vida, quero muito. Mas por mim. Não porque alguém falou que eu preciso disso, que eu preciso ser bem sucedida, conquistar uma independência financeira, casar, ter filhos, ter uma vida perfeita. Jornalismo nem dá dinheiro. Mas dá amor. Pra mim dá amor. 

Eu criei esse blog no dia 9 de janeiro de 2010, quase quatro anos atrás. Quando eu criei esse blog eu era uma terceiranista em ano de vestibulares, querendo vencer na vida e treinar a escrita. Lendo os meus primeiros textos aqui eu dou umas boas risadas. Como vocês podem ver, eu mudei o nome do blog. Depois de quase quatro anos como "Is The Top", agora ele é "Carpei um Diem". Calma que eu já explico o novo, vamos só retomar um pouquinho.

O "Is The Top" foi um encurtamento informal - e bem erradinho - de It's the top que eu escolhi depois de assistir o filme da Hannah Montana e vê-la cantando The Climb. O nome, para mim, representava o topo que eu queria alcançar. O topo da felicidade, do sucesso e de todas essas coisas. Estava relacionado ao vencer na vida. Mas hoje, quatro anos depois, eu não sou mais a pessoa que eu era em 2010 (calma, não vou fazer a Miley Cyrus e dançar twerk em uma premiação. Eu acho). E eu sentia uma vontade enorme de mudar o nome do blog. Por isso o fiz.

Eu encontrei a expressão "carpei um diem" no livro Cidades de Papel, do John Green (trecho na imagem acima). O trecho passou despercebido por muitas das pessoas que eu conheço que leram um livro, mas ele representou muitas coisas para mim. Como eu disse, eu ainda quero realizar meus sonhos, alcançar meus objetivos. Quero muito. Mas eu quero me divertir no caminho até lá. Eu quero poder conquistar pequenas coisas a cada dia, "carpar" um diem por dia, e essa mudança representa uma nova fase na minha vida.

Conquistar aquilo que sonhamos é maravilhoso, mas dá um trabalhão no caminho. Trabalho que vale a pena, mas que desgasta bastante. Nós temos que achar um jeito de fazer o percurso valer a pena também. A gente planta pra colher no futuro, mas a gente não conhece o futuro. Acho que a vida não é sobre quem a gente quer ser quando crescer, mas sobre quem a gente é enquanto cresce. Todos as pessoas são de papel. O ser humano nunca é o que parece ser. Uma pessoa é aquilo que ela é quando está sozinha, quando não tem ninguém vendo. Talvez o segredo seja sairmos do papel e sermos quem somos enquanto tentamos ser aquilo que queremos.


Estadão - Janeiro de 2008



6 comentários:

  1. Marie! Que texto brilhante de inauguração de nome. E vivo no futuro, você sabe. Desde pequena sonho com o que serei quando crescer, e continuo sonhando. Mas indo filosofando horrores sobre focar em ser o que eu sou enquanto cresço, porque na verdade, a vida é caminho, né?
    Te amo! Person <3

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  2. Apenas maravilhoso, Marie.
    E cheio de quotes incríveis! *---*
    <3

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  3. Marie, amei tanto essa virada!
    Eu gosto muito dessa ideia, sabe? E nossa, acho que nem preciso dizer como esse livro falou comigo. Ainda tô processando a questão dos seres humanos de papel, mas é sempre bom lembrar de carpar um diem por dia (AMEI ISSO!).
    Por favor, volte a escrever sempre. Saudades de você escrevendo, amiga, você é sensacional!
    Amo você, boa sorte <3
    beijos

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  4. Marie querendo me fazer amá-la mais ainda, só pode.
    Tem um vídeo de um cara chamado Ze Frank, que eu gosto muito, em que ele fala sobre se transformar em uma pessoa diferente. Ele diz que você não pode se livrar das marcas que ganha pelo caminho, que no fim das contas você cresce ao redor delas e elas se tornam parte de você. Acho que isso serve não só pras marcas, mas pra tudo que a gente é ou já foi. Essas pessoas antigas não vão embora, elas compõem quem nós somos agora. Por isso acho que não somos de papel. As outras pessoas (algumas) podem nos enxergar assim, mas tem muita coisa aqui dentro.
    Amo a Marie workaholic e amo a Marie carpando dias por aí.
    Beijo <3

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  5. "Talvez o segredo seja sairmos do papel e sermos quem somos enquanto tentamos ser aquilo que queremos."
    E na minha opinião você sempre conseguiu sair do papel Marie e ser uma blogueira/escritora e futura jornalista incrível sem deixar a humildade de lado. Algo que julgo importante.
    Somos aquilo que nós vemos no espelho de dentro, eu não te vejo, mas a intuição diz que você é uma mulher de fibra.
    Continue sonhando e realizando.
    Caraca, você já ta formando? rs

    Beijos

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  6. Desde que eu li esse livro tenho refletido muito sobre essa coisa de pessoas de papel, sobre isso de sair do papel e ser 3D ao invés de apenas 2, mas é tão difícil a gente ser honesta com nossos quereres e vontades quando na frente dos outros. É como se a existência do outro influenciasse indiretamente tanto na nossa que a gente se tornasse automaticamente incapaz de ser aquela que canta no banheiro. Tenho tentado, mas é muito difícil não criar essas máscaras involuntárias e que tornam tudo tão mais fácil...
    Gostei do novo nome do blog e gostei de saber os motivos para o nome anterior, achei engraçado. Também era super fã da Hilary, viu?
    Abraços!

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