segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Diário de uma Quase Jornalista #1



Quando eu tinha catorze anos e decidi que faria jornalismo, eu não sabia direito porque estava fazendo essa escolha. Talvez porque naquela época eu comecei a reparar mais no modo como os jornalistas passavam a informação do que na notícia em si, e isso me deixava um tanto fascinada. 

Hoje, quando me perguntam por que eu escolhi jornalismo eu nunca sei responder. É meio que um lance que não tem uma explicação concreta, sabe? É algo que simplesmente é, e eu acho que não me encaixaria em nenhuma outra coisa. Às vezes eu uso aquele clichê que todo estudante de comunicação social gosta de usar, né, "porque sou comunicativo, gosto de ler e escreve e bla bla bla". É isso mesmo, isso influencia muito também, mas vai ler Teorias da Comunicação, A Sociedade do Espetáculo, Indústria Cultural e todos esses livros que nós precisamos ler. Muitas vezes é um saco, é complexo demais, é muita informação. 

A questão é que eu acho que a única coisa que explica a escolha feita por nós, estudantes de jornalismo, é a paixão pelo curso. Uma paixão absurda e incrivelmente grande, absolutamente inexplicável. É como se  tivéssemos nascido para isso e qualquer outra carreira faria de nós peixinhos fora d'água. 

Eu sempre quis escrever mais posts sobre a minha paixão pelo que faço, mas eu acabava deixando para depois. Agora, chega de deixar para depois. Por isso declaro oficialmente aberta a temporada de um novo projeto aqui no blog: o Diário de uma Quase Jornalista (DQJ). Nessa seção escreverei crônicas sobre a minha vida acadêmica e profissional tentando mostrar o lado bom e o lado ruim delas.

Quando eu entrei na faculdade e tive contato com os meus veteranos do segundo ano, eu descobri que um dos projetos experimentais principais dos segundanistas era a revista. Fiquei enlouquecida. No primeiro ano, a gente fez jornal, mas revista sempre foi o meu xodó, o meu sonho de consumo. Eu contei os dias para entrar no segundo ano e começar a produzir a minha.

Cheguei onde queria. Comprovei meu amor infinito por produção de revistas, apesar de todo o trabalho que ela dá. E quando eu digo "todo o trabalho que ela dá", peço que você que me lê multiplique isso por um número infinito. O resultado não chega nem perto da canseira e do tanto de cabelos brancos que eu devo ter adquirido esse ano. 

A nossa revista já está em fase de fechamento, passei o feriado inteiro intercalando o meu tempo entre trabalhar (estágio) e finalizar a revista com o meu grupo e a diagramadora. De quinta pra sexta dormi em cima dos trabalhos, de sexta para sábado dormi às três horas da manhã - depois de passar literalmente o dia inteiro trabalhando na revista -  com o meu notebook em cima de mim. Acordei atrasada, tomei banho e corri para o estágio. Como eu não comia nada desde o almoço do dia anterior, comprei uma coxinha - que era o único salgado a venda - e um suco de laranja em um boteco que nem cartão de crédito ou débito aceitava. Cheguei no trabalho e tomei meu "café da manhã" com uma rapidez que até o The Flash sentiria inveja. 

Confesso que senti uma pontadinha de orgulho da correria da minha vida, porque acho isso muito coisa de jornalista. De sábado para domingo também fui dormir tarde e no dia seguinte tomei um café preto e se açúcar porque o meu nível de sono era daquele que se eu encostar em algum lugar, eu já durmo. Não gosto de café puro, mas o tomei inteirinho. Sempre achei que essa história de que cafeína tira o sono fosse lenda, mas paguei com a língua. Até que ajudou.

Chegando em casa passei, mais uma vez, a tarde inteira trabalhando no fechamento da revista (que parece não ter fim). E aqui estou eu, quase duas horas da manhã, esperando a diagramação final do meu xodó para eu revisá-lo pela milionésima vez. Meus olhos estão fechando, minhas pernas estão doendo em um grau que não consta no padrão de 0 a 10 e o cansaço mental está me impedindo de pensar por completo, mas estou absurdamente feliz com o meu feriado e com o trabalho que fiz. Hoje, quando terminei de escrever - finalmente - o editorial da minha revista, os meus olhos enxeram d'água. Sabe o nascimento de um filho? Nem eu. Mas deve ser quase isso. Todo trabalho duro vale a pena, e eu mal vejo a hora de ver cada página dessas impressa. Talvez eu tenha escolhido jornalismo porque, no fundo, meu sonho mesmo era ser uma workaholic. Como diz a frase, "quem trabalha com o que gosta, não trabalha, se diverte". Mas até a diversão dói, viu. Vou ali tomar um dorflex, tchau.


Liv curtiria esse post


18 comentários:

  1. Continue sempre assim, Marie. São essas horas que o nosso trabalho dá mais orgulho.

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  2. Marie,

    Gostei demais da forma apaixonada como fala do jornalismo. Não sei se é porque os últimos anos foram uma correria sem fim, na qual adquiri uma gastrite, e o meu TCC não acaba por nada nesse mundo...mas olha, faz um tempinho que eu não sinto vontade mais de ser jornalista, acredita?

    Mas aí é que vem a parte estranha. É aquilo que você diz de se sentir um peixe fora d'água. Não sei o que mais poderia fazer hehe...vai ver só estou de saco cheio, precisando de umas férias...vai ver é isso!!

    Boa sorte com a revista, viu? E vê se dorme um pouco...nunca se sabe hehe

    Beijos,

    Michas

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  3. "Trabalhe com o que você ama e você nunca trabalhará". Discordo um cadiquim! Podemos até estar amando o trabalho, mas ai de quem falar que não é trabalho! Eu bem sei o cansaço que dá os tais dos 7 dias anteriores a uma estreia. E nem vou falar do jornalismo, porque disso você conhece! Mas o tal do teatro me deixa louca! E ainda assim, é uma das maiores paixões da minha vida.. Mas que cansa, CANSA!

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  4. Adorei a ideia do projeto, Marie, e vou adorar acompanhar sua vidinha de jornaleira. Nem preciso dizer que tenho uma paixão tresloucada por jornalismo e não me canso de ler sobre isso em tudo quanto é canto.
    Fico muito feliz por ter feito parte, ainda que pequena, do seu bebê, e não vejo a hora de ler a revista toda.
    Todo esse amor que a gente coloca nas coisas só contribui para um ótimo resultado. Vai arrasar!
    Beijos, mi abor

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  5. Ja pensei em fazer jornalismo também, estou super curiosa por essa tag.

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  6. Hahahaha, amiga, quanta felicidade você me proporcionou com esse post. Eu sempre me sinto mais calma quando vejo toda a sua paixão pelo Jornalismo, porque a maioria desiste assim que entra na faculdade... mas você não! Você faz tudo com amor, e eu espero realmente que num dia muito em breve nós possamos sentar juntas, com nossas mesas pertinho, e programar ideias de pautas legais por aí.
    Te amo! Todo o sucesso do mundo está guardado para você =)

    Beijo <3

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  7. Gostei disso de Diário de uma quase Jornalista - lembrou aquele filme com o Sr. Depp, haha -.
    Pretendo cursar Jornalismo e bem sei do trabalho que isso dá. Mas... é algo como vocação. Ou você ama muito, ou não faz.
    Fiquei com uma pontinha de pena misturada com orgulho de você. Pena porque é complicado fazer isso tudo em pouco tempo e se sacrificar. Orgulho porque é o que você quer e está indo atrás e lutando e isso é incrível. Há muitas pessoas que não vão atrás das coisas por preguiça. O que, cá entre nós, é complicado no mundo jornalístico.
    Muitas boas energias pra você, guria. E força pra seguir em frente.
    Beijo!

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  8. Sorry, mas quando você falou que é tipo ter filho "todo trabalho vale a pena" eu fiquei com um ponto de interrogação enorme na cabeça, porque nunca tinha pensado que dava trabalho um filho até o momento de seu nascimento, mas deve dar sim... droga!
    ENFIIMMM adorei sua vida de workaholic e acho isso super a tua cara, morro de orgulho desde já, quero muito ver tua revista e, cara, AMEI essa nova seção do blog! Vai com tudo que tudo dará certo!
    Abraços mon amour

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  9. hahaha, que querida você toda apaixonada pelo jornalismo! eu concordo com a Rafa aqui em cima que a maioria dos mortais começa a desistir do jornalismo no meio da faculdade - sou uma delas!
    mas o importante é fazer o que gosta!

    todo sucesso do mundo para você, sua revista e companhia!

    beijoca

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  10. Tão bom você começar a falar mais sobre jornalismo aqui! Eu pretendo cursar depois de Letras, como já comentei na Máfia, e isso será bacana para mim, né?
    Que você continue empenhada no curso pra colher cada vez mais bons frutos. E a correria faz parte da vida, né. Tudo tem lado ruim mesmo, haha.
    Beijo!

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  11. Amei sua ideia, super apoiada. Quero fazer jornalismo, então vai ser ótimo para eu ter uma ideia do que me espera. E depois mostra sua revista como ficou!

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  12. Aaah que amor essa Marie. Tenho certeza que a revista vai ser um sucesso. Ja é.
    Eu gosto de estar tão cansada a ponto de chorar por causa do trabalho. Quando é um trabalho que amamos, claro.
    Dá uma sensação boa e as recompensas são as melhores. Mesmo que canse MUITO.
    Beijo. <3

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  13. Já ouvi muita gente que já terminou a faculdade e fez algo de que gostava dizer que vale muito a pena.
    Você vai até sentir falta quando essa vida agitada de universitária acabar.

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  14. É sou nova por aqui, nesse espaço. Mas confesso que acho uma profissão interessante jornalismo, por ser um mundo tão fantástico e cheio de coisas, o repassar noticias, enfim acho que é uma boa profissão mesmo ainda não sabendo ao certo o que eu pretendo fazer talvez porque vamos deixando para mais tarde (...)

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  15. Eu nem sei ao certo o porquê escolhi jornalismo, acho que é por gostar de escrever, ter uma certa facilidade.
    E já te disse né, continue assim que tu vai longe!

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  16. Pensei imensamente em cursar jornalismo, porque gosto de escrever, um motivo muito bobo, mas sei que é ponto de partida para os que estão na área. Mas percebi que, se tanto gosto de escrever, talvez perdesse essa motivação porque, no jornalismo, escreveria por obrigação. Simpatizo muito com os que estão na área, aprendendo cada vez mais e informando muito mais também, mas essa não foi para mim.
    Continuarei acompanhando o seu Diário. Uma boa ideia, aliás.
    Abraços.

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  17. Ah, adorei a nova sessão do blog Marie. ;)

    Jornalismo era um curso que passou pela minha cabeça, na adolescência.
    será bom saber mais sobre seu dia-a-dia de estudante.

    E olha, me identifiquei com tudo isso: Sono, cansaço físico, mental.
    A arquitetura é bem isso.
    São noites, e noites e noites viradas para o nascimento de um projeto. Semestre após semestre. Vida dura essa.

    Você vai longe.
    Um beijo.

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  18. Adorei a sua ideia. Quando eu me formar também quero ser uma jornalista, não só porque gosto de escrever, mas é que...sei lá também não consigo explicar essa paixão (rsrs) visita meu blog ? Thank you
    https://www.estupidamentesua.blogspot.com

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