segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Como eu era antes de você



Louisa Clark tem 26 anos, mora com os pais, a irmã mãe solteira, o sobrinho e o avô que precisa de cuidados desde que sofreu um derrame. Ela namora Patrick, um triatleta, há sete anos, trabalha como garçonete em um café e não tem perspectivas de vida. Quando o café fecha, Lou se vê obrigada a procurar um outro emprego. Tendo trabalhado praticamente a vida toda no local e sem muitas qualificações, ela é contratada para ser cuidadora de Will Traynor, um tetraplégico de 35 anos, rico, inteligente e muito mal-humorado desde o acidente que o deixou assim.

“Como eu era antes de você” é um daqueles livros que te pega de surpresa e te deixa sem palavras e sem fôlego por um tempo. Ao ler a sinopse, apesar de interessante, confesso que fiquei com um pouco de preguiça de ler a obra por achar que eu já imaginava o que iria encontrar. Mas eu estava totalmente enganada a respeito, pois ele foge de todos os clichês imagináveis. Essa não é apenas uma história de amor, ela vai muito além disso. É uma história sobre família, sobre como se relacionar com alguém que não está aberto a isso, sobre confiança, sobre respeito e sobre muitas outras coisas. 

Will Traynor ficou tetraplégico após um acidente, dois anos antes. Tal condição transformou o advogado bem sucedido, apaixonado por esportes radicais e namorado de uma linda mulher em um homem amargo e infeliz. Ao ser contratada, Lou encontra muita dificuldade em se relacionar com Will. Uma das coisas que me chamou mais atenção no livro é exatamente o fato de que os dois personagens não conquistaram um bom relacionamento logo de cara. Houve longas e exaustivas tentativas por parte de Louisa, muitas falhas e muito esforço antes disso acontecer. 

A autora Jojo Moyes fez um trabalho impecável em relação aos detalhes e tomou um grande cuidado para não deixar a história com pontos sem nós. Ela escreveu uma história dramática e dolorida, mas ao mesmo tempo bem humorada e repleta de coisas boas. O enredo provoca no leitor não apenas uma sensação, mas todas as possíveis. Riso, choro, alegria, tristeza, revolta, compreensão e por aí vai.

O livro mostra o tamanho e a profundidade das marcas que ficam em duas vidas quando elas se cruzam de forma inesperada e se transformam para sempre. A autora ainda expõe as dificuldades diárias e dolorosas que os tetraplégicos precisam enfrentar nessa luta para viver e sobreviver.

Por outro lado, Moyes evidencia também o desinteresse de Lou pela própria vida. Uma mulher que aos 26 anos se dá por satisfeita com muito pouco e não tem expectativas ou sonhos, que aceita o que vier sem questionar e prefere que as coisas nunca mudem. A transformação comportamental dos personagens é sutil e muito bonita, evidenciando o valor que muitas vezes nós não damos para a nossa própria vida e para os pequenos momentos. 

Quanto mais próximos do final do livro, mais fácil fica imaginar o desfecho dessa história. Apesar de extremamente triste e doloroso, é possível ver beleza, compreender e aceitar o fim. É uma mistura de opiniões, revolta e compreensão ao mesmo tempo. E talvez o leitor jamais chegue a uma conclusão a respeito dessa obra. Porque, nesse caso, mesmo que você tente, não é possível se imaginar completamente na pele dos personagens sem realmente estar na pele deles. Mas se você tentar, apenas por alguns minutos, talvez o término fosse o mesmo. A sensação que cada livro causa em cada pessoa é algo que a gente não pode prever, mas tenha a certeza, caro leitor, assim como alguns indivíduos marcam a nossa vida, os livros também. E depois desse livro, eu tenho certeza que você nunca mais será igual. 

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