domingo, 2 de setembro de 2012

Como tudo começou (2/30)



Eu gritei. Fiquei desnorteada, mergulhei em uma confusão de pensamentos e pirei. Só consegui me lembrar de como conheci o Alex.

Era verão de 2010 e eu era só mais uma caloura entrando na universidade. Tudo ainda era muito mágico, muito idealizado, do jeito que eu sonhava. Hoje ainda é, se vocês querem saber. Algumas pessoas dizem "A magia logo vai acabar, não é nada disso", mas eu não importo. A magia ainda está aqui. De qualquer forma, foi meio assim que conheci o Alex. Enquanto discutia com um veterano imbecil logo no meu primeiro dia de aula que dizia que eu logo desencantaria. Sabe, até que sou calma, quer dizer, um pouco. Eu contei até 10, mas ele continuou falando, contei até 20, ele continuou falando, contei até 50 e ele ainda estava falando. BUM! Pronto, explodi. Perguntei que raios ele ainda estava fazendo no curso, se não tinha mais a tal da magia. Ele não respondeu, mas dá pra ver a resposta nesses casos. Comodismo, imbecilidade, preguiça, whatever.

O Alex era uma das pessoas que assistia a briga de uma caloura com um veterano imbecil. Depois ele veio falar comigo, disse que era o Alex-do-segundo-ano-de-engenharia-mecatrônica. Gostei logo de cara do cabelinho a la Heath Ledger em "10 coisas que eu odeio em você". Os olhos castanhos quase negros ficavam ainda mais bonitos quando ele baixava a cabeça e levantava os olhos para me olhar. Ele ainda faz isso e eu amo. Ninguém mais faz isso no mundo. Só ele. Acho que eu nunca tive a oportunidade de dizer, queria que ele soubesse. Ele juntou uns papeis que eu tinha deixado cair durante o bate-boca e disse que eu era estressada, que ia dar trabalho para os veteranos que quisessem reinar em cima dos calouros. Gosto de gente assim, ele concluiu. E a última frase me fez esquecer até o meu nome. 

Não nos falávamos todos os dias, mas quando a gente conversava, os assuntos não acabavam. A gente inventava assunto, conversava por horas, e era tão bom. Eu gostava de ouvi-lo falar sobre Cálculo II, as dificuldades e sobre o 6 que valia 10 nessa matéria. Naquela época, nada era muito difícil para mim, ainda era início de semestre e eu estava adorando tudo, mas também queria dizer que havia uma matéria me dando dor de cabeça. Falávamos sobre os nossos gostos musicais, sobre quem éramos e sobre quem éramos antes do que éramos naquela época. Mesmo sem saber direito quem éramos. Mas uma coisa eu vi logo de cara: A gente era confusão na certa.

O flashback virou fumaça e cena dele no chão ainda estava na minha frente, eu não sabia o que fazer. Eu nunca entendi Cálculo II como ele, eu nunca fui boa em conversas longas como ele, mas isso eu aprendi. Ele me ensinou. E apesar das nossas diferenças exatas, a ligação entre nós era humana. Real. E eu gostava daquele cabelinho, e eu gosto do cabelo de hoje e eu gosto dele. E eu não suportava vê-lo daquele jeito. Eu só queria ajudar, mas como? Arranquei cada um daqueles fios que estavam ligados a ele e chorei, pedindo a  Deus que essa história de cortar fios perigosos fosse mais fácil que nos filmes. Nada aconteceu. Segurei a mão dele e ainda assim nada aconteceu. Até que eu vi o seu peito inflar como numa inspiração e vi o ar escapar pela boca formando o som que eu mais gostava de ouvir daqueles lábios: "Diana".


OBS.: Essa é a continuação de um conto fictício que foi iniciado pela Rafaella Soares. A ideia é criar uma história de 30 capítulos, cada um contado por uma blogueira diferente. O meu é o segundo capítulo. O próximo será escrito pela Marcela Lopes.




12 comentários:

  1. Marie, você é uma diva! Arrasou, arrepiei na parte que ele sussurra o nome dela! Totalmente! E achei ótima também a parte que eles sabiam que eram confusão na certa, HAHAHA, a gente sempre sabe quando está arrumando sarna pra se coçar, isso é fato! Beijos, te amo!

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  2. MARIE! Se eu te contar que foi isso que eu imaginei para a continuação, tu ia acreditar? Amei. Mesmo. E desculpa ter te deixado em saia justa, gata.

    AMEI MESMO!

    Beijo <3

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  3. Estou morrendo de medo no rumo que isso vai tomar! Espero que a história não se perca demais, você até que conseguiu manter o ritmo e ainda colocou um pouco das suas filosofias próprias, mas quero ver quem se atreverá a explicar o que é um "megabot" (é isso??) ai que meda! hahahaha Abraços <3

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  4. Adorei o jeito que você levou a história, Marie :)
    Você é mais uma do clube das escritoras, pqp.

    Enquanto lia começou a tocar "Portion for foxes" do Rilo Kiley na minha cabeça, você pode até não saber mas tem tudo a ver :)

    beijo enorme, sua maravilhosa!

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  5. Juro que ler essa sua parte me deu um alívio enorme. Mas ainda estou ansiosa para ver como vai estar isso quando chegar em mim! Ficou muito fofa e me fez vomitar arco-íris!

    Beijinhos

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  6. Amei o conto bem interessante, principalmente você procura algo e quando acha vê que é melhor do que imaginou.

    Bjss

    http://blogbeyondbelief.blogspot.com.br/

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  7. Belo texto, Marie!

    Gostei da parte em que diz que o Alex tem os cabelos à la Heath Ledger, hehe!

    Parabéns!

    Beijos,

    Michas
    http://michasborges.blogspot.com

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  8. Tô acompanhado esse conto. Quero só ver como isso vai acabar, e que wtf será o tal do "zumbot", haha

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  9. Agora vou acompanhar o conto, fiquei curiosa em saber o que acontecerá.
    Você escreve muito bem, guria.

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  10. Amiga, mandou super bem! Eu juro que tinha imaginado o Alex como meu sueco, você quase acabou com isso :( mimimi hahahaha Arrepiei com o finalzinho também!!

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  11. Incrível imaginar o Alex com esse cabelo do Heath Ledger! hahaha Amei!
    Você continuou muito bem. Adoro esse tom de romance e flashback.

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  12. Não podia esperar outra coisa de você, Maripoka. Doce, doce <3
    beijos

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