domingo, 14 de fevereiro de 2010

Trechos de Uma História de Amor

Palavras Não Ditas.

Era outono. Aquele vento, cuja intensidade era média, batia em meu rosto. Eu adorava aquilo. Vento, folhas secas caídas no chão, clima frio. Ou quase isso. O caminho até a padaria era curto, curto até demais. Por mim eu ficaria horas caminhando, com aquela brisa em meu rosto. Enquanto caminhava, meus devaneios invandiam minha cabeça. Eu ficava elaborando palavras, selecionando frases para dizer à você. Defini um pequeno texto, que reunia todos os sentimentos que em mim habitavam, para lhe dizer quando te encontrasse. Entrei na padaria, meio desnorteada, perdida em pensamentos. Mas pedi os pães. Foi nesse instante, que minha música favorita, soou atrás de mim. Sua voz me fez despertar do mais profundo devaneio. 'Oi'. Quando olhei para trás, lá estava você. Doce, como sempre. Eu lhe respondi com outro 'Oi', mais travado, mas respondi. Não pude evitar um sorriso, você despertava em mim o meu melhor sorriso. Era automático. Tentei lembrar do texto que eu havia elaborado para lhe dizer. Tentei lembrar das palavras, mas elas embaralharam em minha cabeça. Nem os sentimentos estavam sóbrios mais. Eles estavam desnorteados, nostálgicos. Meus sentimentos conheciam bem a sua voz - minha música preferida - sinuosa. Senti raiva de mim por não conseguir dizer nada, por não conseguir lembrar das palavras. Era como se eu tivesse uma tecla 'PAUSE'. Ao seu lado, minha voz perdia o som. Peguei os pães, e saí da padaria. Andei os quinze passos mais longos, até ouvir sua voz. 'Espera'. Foi meu trecho preferido. Aquele sorriso de novo invadiu meu rosto. Me virei devagar, como em câmera lenta. Ver sua expressão doce e angustiada me fez trepidar. Você segurou minha mão - gélida - fazendo assim, esquentar meu coração. Você completou minha música novamente:

- Eu só queria que você soubesse, que eu vou sentir sua falta, incondicionalmente.

A única coisa que eu consegui sussurrar foi 'Eu também'. Então você finalizou, com aquelas três palavras, repetitivas e deliciosas. As minhas três preferidas:

- Eu Te Amo.

Perdi o chão, o ar, os sentidos e tudo mais que eu precisava para viver. Eu morri. Morri da melhor maneira que se pode morrer, de amor. Um silêncio considerável se fez. Então você se virou, e foi. E eu não tive forças, não tive forças para apertar o play. Para dizer aquelas três palavrinhas, que você - mais do que ninguém - merecia ouvir. Eu queria gritar, mas nada mais adiantaria. Você já tinha sumido de minha visão. Uma folha tirou o foco do meu olhar. A última folha seca caiu da àrvore, ali na minha frente.
Pisquei. Meu devaneio chegou ao fim. Mais uma invasão de lembranças. Lembrança das palavras, aquelas três palavras. Palavras não ditas.

8 comentários:

  1. Nossa, own . Que história perfeita, apezar de achar que simples palavra ' Eu te amo ' pode ser dita por olhar, e gestos. Mais eu me senti como a menina da história. Ta de Parabeéns pelo blog. Bjs :*

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  2. Nossa, eu amei o seu texto! Me identifiquei muito. Adorei o blog. Beijos ;*

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  3. Marie, como sempre você arrancando meus suspiros outra vez. O que eu tenho a dizer é tudo o que eu já disse antes, você deve estar cansada de ouvir. Ninguém escreve mesmo como você :D

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  4. obrigada pelo selinho!!!
    posto no próximo post!
    bjss

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  5. Marie, que lindo. Aii, que lindo mesmo. Deu até uma dor por ela não falar que ama ele :/
    Ah, ameeei o selinho. Já fiz no meu.
    beeeijos.

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  6. Nossa, que texto lindo! muito lindo mesmo! O pior, é que o que acontece no texto, é uma coisa que acontece com muita gente :T
    Coloquei um selo pra você no meu blog! :**

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  7. Ah, eu sei bem como é sentir isso, perder as palavras, o ar, os movimentos... Belo texto *-*

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  8. Menina, que texto mais liiindo! Adorei de verdade!
    beijo

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