sábado, 18 de julho de 2015

6 coisas que você precisa fazer em Serra Negra

Se você mora em São Paulo, ama viajar, quer fazer alguma coisa naquele final de semana frio, mas o bolso não está colaborando muito, tá aí uma dica: Serra Negra. É uma boa opção para quem quer um passeio à la Campos do Jordão, porém mais em conta. Eu e o Matheus passamos um final de semana na cidade e elegemos as 6 coisas que você precisa fazer antes de ir embora. 


1 - ANDAR NO TELEFÉRICO

O teleférico é uma das atrações mais legais da cidade. Ele tem uma extensão de 1400 metros e faz o trajeto da Praça do Sesquicentenário ao Pico do Fonseca, que fica a 1080 metros de altitude. Apesar da altura e da extensão, o passeio não é nada radical. É tranquilo e calmo. Ao chegar lá em cima, você encontra o monumento do Cristo (que é o próximo item da lista) e uma vista incrível da cidade. Rende fotos lindas! O passeio de ida e volta custa R$13,00. Endereço: Praça Sesquicentenário, 143 - Centro.



sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Retrospectiva Literária 2014

Sim, estou viva! Depois de ter sido abduzida por um extraterrestre chamado TCC, tô de volta!! Cheguei 2015! Sobrevivi ao último ano da faculdade + estágio + TCC + vida. O resultado disso foram duas atualizações no blog em um ano, eu sei, sumida, blog com teias de aranha... Mas tô formada, minha gente! E atrasada, como sempre. Resolvi fazer - antes tarde do que nunca, né? - a minha retrospectiva literária de 2014, o oscar literário da blogosfera! Não que eu tenha lido muito, afinal, TCC é TCC, né? 

A escolha das minhas categorias foram baseadas nas do ano passado junto com algumas que peguei da Anna Vitória, do So Contagious. Então, bora ver os meus eleitos!


O casal mais apaixonante




Eleanor e Park, de Eleanor & Park, (Rainbow Rowell): Incrível como essa é uma história que nos enlaça pelos detalhes, que faz a gente se apaixonar e se arrepiar com um ato que parece tão bobo como segurar a mão um do outro, dividir gibis e toda uma ligação de coisas tão pequenas e tão maravilhosas. Achei que a Rainbow Rowell conseguiu passar de uma maneira impecável todos os sentimentos e sensações que envolvem os personagens. E, ao mesmo tempo que eu decidi eleger esse livro para essa categoria do casal mais apaixonante, eu queria enfiar ele no quesito tristeza porque eu ficava agoniada, chorava, queria dar uma surra no padrasto da Eleanor, sacudir a mãe dela e perguntar se ela é suicida e salvar a Eleanor e principalmente os irmãozinhos dela, gente. É muito triste. Mas acho que o livro mostra também isso, a importância de um sentimento tão puro, algo bom em meio a tanta coisa ruim. Mostra que o amor quase sempre salva as pessoas. 

Menção honrosa: Elizabeth Bennet e Mrs. Darcy, de Orgulho e Preconceito (Jane Austen), que me deixaram com aquele eterno desejo de quero ler mais e mais e mais, e Anna e St. Clair, de Anna e o beijo francês (Stephanie Perkins), que me transformaram numa adolescente louca que ficou completamente apaixonada por ambos.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Em voz alta



Olho e não vejo. Procuro e não acho. E me assusto pois procuro. E não devia. E queria. E não queria. E encontro. E me assusto porque encontro. E porque não vejo. Não vejo o que eu queria. Mas o que eu queria? Me assusto. Vejo, mas não sou vista. Olho, mas não enxergo. Grito em silêncio para que me veja. Não me olha nem me vê. Estou invisível? Estou aqui? Rezo para que me olhe, para que eu exista. Não. Não olha, não. Deixa que eu olho. E eu vejo. Olho e minto. E rezo para que a mentira passe ilesa. E que o coração não perceba a mentira. E que a menina não veja. E a mentira me assombra. Porque esconde as verdades. Mas as verdades são mentiras? Me assusto. Me escondo. Corro os olhos. Calada, rio. Mas o silêncio de dentro faz rio e grita. E dentro faz frio. E o corpo quente. O calor ardente e dolorido. E faz suar e faz sorrir quem quer chorar. E o sorriso esconde os medos e as verdades. As mentiras são gritadas. Escancaradas como quem tem urgência em esconder. Mas esconder o que? A verdade. Mas as verdades estão no silêncio. No silêncio dos olhos que gritam. E quando olhar em meus olhos, não sobrará nenhuma mentira em pé. Não haverá mais dúvida nem medos. Nem metades. Será inteiro e verdadeiro. Não me olhes, não descubra. Não me lembre. Me assusto. Não me esqueço.


Decidi postar esse texto antigo pra matar as saudades daqui. Prometo que volto logo.

terça-feira, 6 de maio de 2014

A grandeza dos homens pequenos

Ou "O brilho das pessoas invisíveis"


O tema de um dos meus TCC's - o livro reportagem, no caso - é água, a relação de diferentes pessoas com a água. O livro será dividido em seis capítulos: Abundância, Escassez, Paixão, Educação, Pacto Global e Pesquisa, e a minha parte é a de escassez. Pulando maiores explicações, uma das exigências desse capítulo é fazer um perfil com uma pessoa que tenha ligação com o meu tema e eu, apaixonada que sou por personagens invisíveis, decidi que contaria a história de um morador de rua.

Nesse momento, eu tenho três semanas para entregar essa parte do trabalho - equivalente a dez mil caracteres, só pra começar - para a minha professora. Sendo assim, semana passada eu fui bater perna atrás de moradores de rua dispostos a bater um papo e rezando para encontrar meu personagem logo de cara e começar essa empreitada de contar uma boa história.  

Eu fui para a rua pronta para colecionar dramas, ouvir as tantas histórias de tristeza e dificuldade que eu tinha certeza que estavam presentes na vida dessas pessoas e escrever sobre elas. Eu fui pronta para sucumbir a elas e ressuscitar. Há algumas semanas atrás, eu li "A vida que ninguém vê", da Eliane Brum, o que foi uma injeção de motivação e força de vontade gigante por se tratar exatamente de personagens invisíveis. Aí eu fui lá colocar o pé na rua, com os olhos preparados para tudo o que eu queria encontrar e com uma empolgação e um medo semelhantes. 

No primeiro dia, conversei com duas pessoas. Um homem e uma mulher. O homem perambula entre a rua e prédios invadidos há mais de 25 anos, quando veio de Minas Gerais para São Paulo. Ele já viu muita coisa, na rua. Já passou muito frio e bebeu "muita 51" para se esquentar, já pediu muita água e muita comida em botecos de esquina e restaurantes, já vendeu várias peças de prédios invadidos para outros moradores de rua, já comprou uma arma com o dinheiro porque estava bêbado e foi dormir e, no meio da noite, foi acordado pela polícia e foi preso pelo porte da arma. passou alguns meses na prisão. Voltou pra rua. A mulher, com seus 43 anos e já meio desatinada, não sabe dizer há quanto tempo mora na rua. Mas contou que seus três irmãos morreram de cirrose e que já sofreu tentativas de estupro. 

Ambos que conversaram comigo tem muita história para contar, isso não se nega. Mas o que me assustou nesse dia foi que, mesmo estando pronta para ouvir todas as dores e presenciar todas as lágrimas caírem dos rostos dessas pessoas, não foi isso que eu encontrei. Porque ambos me contaram o pouco de suas histórias sorrindo e rindo a cada cinco minutos. O que me assustou foi perguntar com mais dor do que eles dos perrengues que eles já passaram nessa vida, especificamente por causa de água, e ouvir um "Não, moça. A gente é bem limpinho. Quando a gente mora na rua, o pessoal dá água pra gente e quando é na invasão, sempre tem uns gatos. A gente já tá acostumado. A vida é boa, moça".

O que me assustou em todo esse início de TCC foi descobrir que o que faz dessas pessoas tão incríveis não são as tragédias e as dores que elas carregam, mas a maneira como elas aprenderam a lidar com elas. Foi descobrir que apesar de tanta coisa ruim e de tanta dificuldade, eles ainda conseguem ver o lado bom. Essa é a grandeza dos homens "pequenos". A simples alegria das pequenezas. 

Eu ainda não tenho um personagem para o meu TCC, ele continua com 0 caracteres, mas a batida de perna já valeu pela experiência. Tem muita sola de sapato pra gastar ainda para que esse trabalho saia do 0, mas nessa primeira semana eu pude entender algumas coisas. Quem gosta dos Josés, Joãos e Marias não gosta porque eles estão piores que nós e enfrentam leões muito mais fortes no cotidiano, "coitados". A gente gosta deles porque, apesar de tudo, eles, os personagens invisíveis, encontram felicidade nas coisas que são invisíveis para nós. A felicidade deles é muito mais palpável que a nossa. A gente gosta deles - e quem não gosta, é pelo mesmo motivo - porque eles vêm e falam pra gente que "a vida é boa, moça".  


Adendos: 
1.Um muito obrigada ao meu namorado que gastou a sola do sapato comigo para que eu não fosse sozinha. 
2. Professora, caso você leia isso, fique tranquila. Entregarei meu trabalho no prazo. Eu espero.

segunda-feira, 31 de março de 2014

Um Mauricio Noriega que você talvez não conheça

O jornalista esportivo, comentarista e escritor fala com paixão e fascínio sobre sua carreira e 
sua vida pessoal 

Por Marie Raya

Quando cheguei ao Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, procurando por ele nas mesinhas do café da livraria Cultura, foi o mesmo quem me achou. Antes de iniciarmos a nossa conversa, percebi de cara a sua dedicação com a profissão ao acompanhá-lo até a seção de esportes em busca de alguns livros para aprimorar ainda mais o seu conhecimento na área. Ele, no caso, é Mauricio Noriega, 45 anos, jornalista esportivo, pai da Clara, 11, e do Rafael, 7, e filho do ex-narrador esportivo Luiz Noriega. 

Enquanto pedia um frozen yogurt, ainda em dúvida a respeito do sabor, Noriega falou ainda com um brilho nos olhos sobre a paixão pelo vôlei, esporte que praticou durante 12 anos. “Era a minha vida. Aí no final eu comecei a ficar cansado, tinha vestibular e tive que escolher entre estudar e treinar”, confessou. Nascido em Jaú, ele herdou o gosto pelo esporte do pai que o alertou desde o início sobre as dificuldades da vida de jornalista. “É uma carreira difícil, a gente fica muito tempo fora de casa, o ambiente não é muito legal e tem muita gente mau caráter, ele dizia. E tinha razão”.  

Noriega contou que, mesmo sem saber, já existia uma influência forte do pai na decisão sobre sua carreira quando o acompanhava na TV Cultura e observava como os programas eram gravados, mas que a certeza a respeito da profissão se deu através de um professor do ensino médio que deu uma aula sobre as diretas, movimento civil que ocorreu no Brasil. “Eu fiquei fascinado pela maneira como ele falava, pelo vocabulário, pela impostação da voz, pelo conhecimento. Eu disse que um dia eu falaria igual aquele cara”. 

Após a injeção de motivação do professor, Noriega afirmou que passou a conversar mais com o pai sobre o assunto, mas que a sua atração não era pela televisão, e sim pelo jornal. Ele queria primeiro escrever bem, “era muito importante para mim”, afirmou após uma breve pausa para uma colherada do frozen de banana.

Seu primeiro contato com o mercado de trabalho foi através de um estágio em uma empresa chamada Comunique, onde afirmou que observava a produção de coletivas, a forma como eles faziam os releases e algumas outras tarefas. Após esse período, Noriega iniciou um estágio na assessoria de imprensa da Federação Paulista de Basquete. “Aí foi bem legal porque eu podia escrever, produzir algumas coisas e ganhar mais espaço. Foi a partir dali que eu entrei mesmo nesse mundo”. 

Noriega contou também sobre sua passagem por outros veículos como “A Folha da Tarde”, atual “Jornal Agora”, “Gazeta Esportiva” “Lance!” e rádio “Bandeirantes”. Atualmente ele é comentarista do SporTV e do “Bom Dia São Paulo”, da Globo, e colunista do “Diário de São Paulo”. 

Quando perguntei o que ele mais gosta na profissão, Noriega respondeu com a tranquilidade e o gosto pelo que faz que eu percebi nele desde o início da conversa. “O que eu mais gosto é poder ver, participar e contar a história de grandes eventos esportivos. É o que mais me fascina até hoje”. Ele reafirmou o quão satisfatório é poder fazer parte da cobertura de Copa do Mundo, Fórmula 1, Olimpíada, Campeonato Mundial de Basquete, Campeonato Mundial de Vôlei, Jogos Panamericanos, Eurocopa e diversos outros eventos. 

Em contraponto, Mauricio Noriega falou sobre a falta de caráter de diversas pessoas que exercem a mesma profissão. Ele disse que algumas pessoas fazem de tudo para conseguir o que querem, passam por cima dos outros. “Infelizmente tem muito puxa-saco, incompetente e puxa-saco. Essa combinação é terrível”, ele concluiu. 

O fato de ter que ficar muito tempo fora de casa é outro ponto que o comentarista não gosta. Ele contou que durante a Copa do Mundo ficou 45 dias fora e a cobrança dos filhos é grande. O impacto é muito forte e até mesmo impacto físico, pois até febre as crianças chegaram a ter. “Eu sabia que seria assim, eu passei isso com o meu pai. Mas quando você é o pai é diferente”. 

Ser um comentarista não é uma tarefa fácil, principalmente quando é preciso lidar com torcedores fanáticos. Noriega contou sobre as críticas que recebeu algumas vezes de torcedores, um processo que já chegou a abrir devido a algumas coisas que foram escritas a seu respeito e admite já ter “perdido a cabeça” uma vez com uma pessoa através do seu Twitter. “Eu entendo que o comentarista seja visto pelo torcedor como um cara que é sempre contra o time dele, mas faz parte. Quem escolhe trabalhar com opinião está sujeito a isso, não pode se preocupar em agradar as pessoas”. 

“Eu vou trabalhar pensando que o meu objetivo será alcançado se algum comentário que eu fizer causar uma reflexão no cara que estiver assistindo”, confessa o comentarista. Ele afirma gostar quando um torcedor o faz refletir sobre algo que ele tenha dito, também. “Posso até não concordar, mas gosto e acho importante quando me faz pensar”. 

Ao longo da conversa, só confirmei a forma íntegra e honesta com que Noriega faz o seu trabalho, evitando dirigir-se aos técnicos e jogadores de forma desrespeitosa ou ofensiva. “Eu respeito o ser humano. O cara pode não ser brilhante, mas ele está trabalhando. Ele tem família, mãe, pai, filhos. Eu sempre penso dessa maneira”. 

Orgulhoso de sua postura profissional e extremamente humilde, o comentarista conta sobre uma vez em que foi parado no aeroporto pela mãe de um jogador que o agradeceu pelo respeito com que ele tratava o filho dela e os demais jogadores. “Eu tento acrescentar no jogo e para isso tem o que a gente chama de estudar sobre a área. Eu assisto muitos jogos, leio muito e fico caçando coisas na internet”. 

Com toda a sua sinceridade e bom humor, Noriega contou um pouco sobre a Copa de 2010, que cobriu junto com o jornalista Milton Leite, a qual teve muitos jogos ruins e chatos. “As seleções eram fracas, faltavam bons jogadores e a gente começou a fazer alguns trocadilhos”. Apesar de fã de trocadilhos, ele disse acreditar ter se excedido nos comentários. “Nós deixamos a transmissão um pouco de lado para fazer as brincadeiras. O retorno foi bom, mas certamente eu acho que eu não soube medir a extensão”. 

Em 2009, Mauricio Noriega publicou o livro “Os 11 maiores técnicos do futebol brasileiro”. Durante a nossa conversa ele contou que esse livro surgiu da ideia de outro livro que ele ainda está escrevendo sobre Osvaldo Brandão, “um dos maiores treinadores para mim”, ele afirmou. Noriega explicou que ao tentar vender o livro para o editor, ele sugeriu a ideia da série de livros e o comentarista acabou aceitando.  

Quando perguntei sobre um jogo inesquecível para ele, ouvi a resposta de um Mauricio Noriega maravilhado. “Gana e Uruguai na Copa de 2010, no dia em que o Brasil foi eliminado. Foi o jogo mais fantástico que eu já vi”. Ele comentou sobre o baque que é para nós brasileiros sermos eliminados da Copa e explicou que esse jogo era a última chance de um time africano se classificar na Copa da África e do outro lado tinha uma seleção de muita história, muita tradição tentando se reinventar. “Nem Nelson Rodrigues imaginaria um jogo como aquele”. 

Quando perguntado sobre sua maior realização pessoal, o jornalista Mauricio Noriega dá lugar ao pai coruja. “Ser pai. Muda a sua vida completamente. Ao mesmo tempo em que você perde a sua identidade, você deixa de ser você e passa a ser pai dos seus filhos. Você ganha outra dimensão. A vida fica melhor”. Já a maior conquista profissional, Noriega responde deixando a modéstia de lado que é a credibilidade, fator muito importante nessa profissão. 

Por fim, Noriega fez sua última confissão. “Sou um músico frustrado. Meu sonho era ser baterista. A música me fascina, mas eu não tenho o dom”. Ele falou um pouco sobre a sua paixão pela música e o fascínio pelos instrumentos, e reclamou dos críticos musicais brasileiros que tentam impor o gosto deles às pessoas.  

“O que falta e o que sobra na sua vida?”, questionei e Noriega foi direto ao dizer que o que falta em sua vida é rotina. “Ela ajuda a programar melhor a nossa vida”.  Ao confessar o que sobra, ele reafirmou o que é fácil notar quando se tem a oportunidade que tive de conversar um pouco mais a fundo com ele, de conhecer a pessoa por trás do jornalista. “Sobra alegria. Ter a felicidade de fazer o que eu gosto de fazer”.  


Perfil do jornalista e comentarista Maurício Noriega feito no segundo ano da faculdade de jornalismo, para a disciplina de Conceitos e Gêneros Jornalísticos.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Só vim dizer que a gente não sabe nada




Eu achava que um mais um era dois. 

Não sei como explicar ou argumentar. Mas eu tinha isso muito claro na minha mente. Eu era apaixonada por matemática no colégio, eu era ótima (exceto na oitava série, rs). Eu achava matemática uma matéria simples, que você aprendia a fórmula e fazia. Mas eu não escolhi exatas pra minha vida, ainda que eu achasse algo simples e ainda que eu gostasse. Acho que eu nunca gostei das coisas simples. Quer dizer, eu gosto de detalhes e da simplicidade das coisas. Mas não de uma vida simples. Aí eu escolhi a loucura que é fazer humanas.

Na escola, nos ensinam que precisamos aprender matemática porque nós a usaremos ao longo da vida. Sim. No mercado, na padaria, em qualquer lugar. Para as coisas simples. Mas para as coisas que não são exatas, a matemática não se aplica. Ainda que a gente insista em explicar a vida através da matemática tantas vezes. Se fulano gosta da ciclana e a ciclana gosta do fulano, por que eles não estão juntos? Porque um mais um é dois. Então por que eles não estão juntos? 

A gente adora palpitar, dar opinião. A gente vai crescendo e vai acreditando ser capaz de avaliar a vida, as coisas, o amor, a amizade. A gente acha que vai ficando craque em diversos quesitos, que vai ficando sabido, que sabe quase tudo sobre quase tudo. Até mesmo eu. Eu já escrevi muitas e muitas vezes sobre coisas que eu achei que eu sabia, que eu conhecia. Mas eu percebi que eu só escrevia sobre as coisas que eu me lembrava. E como eu me lembrava. 

Esse texto é só pra dizer que a gente não sabe nada. A gente não escreve e não fala sobre o que a gente sabe, mas sobre o que a gente se lembra. Sobre o que a gente acha que é verdade, sobre o que a gente carrega. Sobre o que nós temos e o que gostaríamos de ter. Esse texto é só pra contar pra vocês que, ainda que estar certo seja ótimo, a melhor coisa do mundo é descobrir que estávamos errados. Acordar um dia desses e descobrir que mamão não é tão ruim, que aquela menina insuportável nas redes sociais é um doce, que aquela piada que você achava engraçada não é mais, que aquela pessoa que você jurou que ia amar pra sempre, você não ama mais, e que é possível amar de novo. E que tudo é possível. 

Que maravilha é acordar um dia e descobrir que você não é mais a mesma pessoa. Se olhar no espelho e não se reconhecer, mas amar muito mais a pessoa que você está vendo. Só vim dizer que mudar é maravilhoso, que não gostar mais daquelas coisas de anos atrás - ou até mesmo aquelas que você gostava na semana passada - não tem problema. Mudar é preciso. E eu espero que vocês mudem. 

Quando meus amigos faziam aniversário, eu não cansava de dizer "não mude, seja sempre essa pessoa maravilhosa". Aproveito para mudar isso aqui. Peço desculpas. Amigos queridos, eu espero que vocês mudem. Mudem muito, o tempo todo, e espero poder acompanhar essa mudança. Espero sobreviver a elas. Mas se no meio do caminho a gente se perder, que um dia a gente se encontre. E se não nos encontrarmos, continuo torcendo por vocês.

Eu sempre fui movida à paixão. Eu sempre gostei da intensidade, da loucura. E eu sempre tive curiosidade de provar da calmaria, da serenidade. Eu sempre quis conhecer a tal da paz, mas eu morria de medo de que a paz não trouxesse serenidade. E se a loucura fosse a minha paz? Eu passei a vida toda fugindo das coisas simples, mas hoje, pela primeira vez, eu gosto de algo simples. Tão simples quanto respirar. 

Só vim dizer que a gente não sabe de nada. Não sabe nada do amor, da vida, dos mistérios, nem das coisas mais claras. A gente não sabe nada inclusive sobre aquilo que está claro diante dos nossos olhos. A gente não sabe de nada. E eu só vim dizer que essa é a única coisa que eu sei, agora. Mas talvez eu esteja errada.


Quero dedicar este texto a uma amiga muito querida que, no final do ano passado, me deu o melhor conselho da vida: "Marie, um mais um é dois. Mas dois mais dois é quatro, três mais três é seis... Existem muitas formas de dar certo". Obrigada. Esse texto é também pra te dizer que deu. 

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Retrospectiva Literária 2013



Pessoas lindas do meu coração, cá estou eu novamente - depois de um chá de sumiço - trazendo o primeiro post de 2014, uma retrospectiva literária de 2013. Praticamente todas as mafiosas já fizeram as suas e eu peguei carona no bonde, atrasada como sempre. Cara de pau como sou, mudei algumas coisas nesse "Oscar dos livros". Espero que vocês compartilhem a opinião de vocês comigo, se concordam, discordam, etc etc. Enfim, vamos lá!


O casal mais apaixonante

Louisa Clark e Will Traynor, de Como eu era antes de você, Jojo Moyes. Bom, me arrisco a dizer que esses dois personagens foram os meus Hazel & Gus desse ano. Na minha humilde opinião, a linha que separa o fracasso do sucesso nesse tipo de história é extremamente fina e foi a sutil evolução do relacionamento da Lou e do Will que fez com que eu os escolhesse para ocupar este cantinho da retrospectiva. Esse livro prova que a química de um casal na literatura não exige necessariamente de milhões de beijos, abraços ou qualquer outro tipo de contato físico. É a essência de cada um, o entrosamento e os diálogos que prendem a gente. Os pequenos gestos. Ainda que doloroso em muitas partes, foi incrível acompanhar o nascimento e crescimento de um amor como esse e ver como esse sentimento transforma as pessoas. 

Virei a noite lendo

Jogos Vorazes, Suzanne Collins. A pergunta que não quer calar é como eu consegui demorar tanto para ler essa maravilha? Não sei, mas cheguei, amigos. Estou dentro. Eu fui pega de surpresa por Katniss e Peeta e toda essa história louca e genial criada pela Suzanne Collins. Li o livro na última semana do ano, em dois dias (e só não li em um porque não tive tempo mesmo). A genialidade é tanta que apesar de ser uma história absurda, a gente consegue encaixá-la na nossa sociedade. Senti o livro quase como uma crítica ao mundo em que vivemos que, apesar de não obrigar que a gente se mate em uma arena, encaminha muita gente para caminhos tão obscuros quanto. E gente, Peeta Mellark. Apenas. Quanto amor em um personagem só. Nem consigo dizer. Devorei mesmo, já estou no segundo e já fiz até maratona de filmes. Muito amor por essa trilogia. 


Chorei de soluçar

Marina, Carlos Ruiz Zafón; e Como eu era antes de você, Jojo Moyes (again). Juro que queria muito escolher um só, mas me perdoem, não consigo. Esses foram dois livros que eu iniciei a leitura já com aquela sensação absurda de que algo sairia muito errado no final e terminaria com a minha pessoa aos prantos em cima daquelas páginas. Eu estava certa. Como eu era antes de você foi um livro que me fez pensar não só no lado lindo de uma história de amor entre uma cuidadora e um cadeirante, mas também no sofrimento, não apenas psicológico, mas físico de uma pessoa com limitações como as de Will. E o final, é claro, me fez inundar o quarto. Apesar de que, a essa altura, eu já entendia a decisão dele. Agora, vamos falar de Marina. Durante todo o livro eu fiquei dividida entre a doçura e aquela sensação amarga. Devorei o livro porque eu queria entender qual era o verdadeiro mistério daquela história. E que dor, quando eu descobri. Me apaixonei perdidamente por esse livro, btw.


Decepção do ano

O apanhador no campo de centeio, J. D. Salinger. Não me matem, permitam que eu me explique. Eu era louca para ler esse livro por motivos de a. ele ter sido citado em As vantagens de ser invisível e b. ele ter sido citado junto a um texto maravilhoso de um personagem no filme Ruby Sparks - A namorada perfeita. Eu era tão louca pra ler esse livro que acho que fui com sede demais ao pote. Eu não odiei a obra, longe disso. Mas eu esperava dela algo que ela passou longe de me proporcionar. Eu me senti extremamente triste lendo cada página. Eu incorporei a tristeza e certa solidão do personagem, não sei explicar. A história é super bem escrita, mas acho que eu queria uma coisa e ela tinha outra a oferecer. Pretendo reler futuramente pra ver se mudo de opinião.

Grifei

As vantagens de ser invisível, Stephen Chbosky. (Lido originalmente no final de 2012 e relido em 2013) Não sei o que falar, ao certo. Só sei que esse livro tem quotes que definem com propriedade questões da vida - e que eu tatuaria facilmente. Desde "a gente aceita o amor que acha que merece" até questionamentos malucos e que fazem total sentido. "Tenho muito interesse e fico fascinado em ver como as pessoas se amam, mas não gostam realmente umas das outras". Enfim, não sei definir, classificar, explicar. Simplesmente é incrível. E, mesmo sendo uma releitura, decidi colocá-lo aqui porque ano passado acabei não fazendo a retrospectiva e, aproveitando que eu reli, ele é digno demais de estar aqui.


Soco no estômago

Cidades de Papel, John Green. Esse livro foi tão apaixonante e tão importante para mim, que eu transformei um trecho de uma quote dele no novo nome do blog. Durante o período que eu li esse livro - até quando eu não estava lendo, de fato - eu gastava horas do meu dia pensando nas pistas que o Quentin tinha reunido, até então, para tentar chegar até a desaparecida Margo Roth-Spiegelman. A detetive que habita em mim ficou louquinha e tentou de todas as formas descobrir o paradeiro e o objetivo dessa menina Margo que me deixou inquieta o livro inteiro. Fora que esse livro me fez refletir sobre coisas que eu até então nunca tinha pensado, mas que eu já deveria, pois estavam bem embaixo do meu nariz. Enfim. Obrigada John, por esse livro.


Melhor final

Cidades de Papel, John Green. Mais uma vez. Porque apesar de ter um final super triste, é um final totalmente real e aceitável. E como os próprios personagens afirmam no livro, não haveria outro final possível. Não haveria como voltar tudo ao normal, felizes para sempre e bla bla bla. Acho, inclusive, que para assumir um final daquele e assumir a responsabilidade de um final daquele é preciso coragem. Coisa que o Jõao Verde já mostrou ter em A culpa é das estrelas. Amo esse homem, btw.

Abandonei

Precisamos falar sobre o Kevin, Lionel Shriver. Antes de recolher as pedras que vocês provavelmente estão jogando em mim neste momento, gostaria de dizer em minha defesa que comecei a ler Kevin em um momento infernal de trabalhos e provas e pressão acadêmica. Eu amei o começo, me apaixonei pela forma como a história é contada, mas não consegui terminar porque achei que algumas partes são muuuuito arrastadas e eu não tive paciência nem tempo. Mas prometo retomar esse ano. 

Morri de rir

Bridget Jones no limite da razão, Helen Fielding. Falem o que quiser, eu amo essa mulher. E eu amo a Helen por toda a genialidade de tudo isso. Bridget, pra mim, é um dos personagens mais palpáveis de todos. E eu morro de rir. E eu amo essa mulher. É isso.


Bate-bola de personagens

1. Personagem masculino mais apaixonante: Peeta Mellark, de Jogos Vorazes, porque cara, não dá. Não dá. 
Personagem feminina que eu queria ser: Nenhuma. Mas se eu tivesse que escolher uma, eu escolheria a Lindsey, de O Teorema Katherine, porque eu adorei ela.
2. Personagem mais chato: Colin Singleton, de O Teorema Katherine, por ser do tipo que se "auto-destrói". Fora o ego enorme e a chatice purinha no corpo. Não conseguiria conviver com ele de jeito nenhum.
3. Personagem mais engraçado: Bridget Jones, por motivos de Bridget Jones. Apenas.
4. Personagem mais identificável: Margo Roth-Spiegelman, de Cidades de Papel, por toda a fome de vida. E o Jeb, de Deixe a neve cair, pela dificuldade em se expressar e por não ser do tipo fofo meloso.

O melhor livro de 2013

Jogos Vorazes, Suzanne Collins; e Cidades de Papel, John Green. Não seria justo escolher um, porque Cidades de Papel, como eu já disse, mexeu comigo de formas profundas e inacreditáveis. Tanto que me fez até mudar o nome do blog. E apesar de ter cultivado uma raivinha da Margo, no fim das contas eu entendi essa menina de forma clara e até dolorosa. Esse livro me fez questionar muitas coisas e mudar muitas coisas na minha vida. Agora, Jogos Vorazes apareceu nos quarenta e cinco do segundo tempo e quebrou as minhas pernas. Porque eu morro de preguiça de coisas que viram febre quando eu ainda não tive contato nenhum com elas. Então, fico enrolando um século porque fico saturada de ouvir as pessoas falando disso. Mas dessa vez ouvi os amigos e embarquei na febre. E que loucura, amei. 

Melhores Quotes


"What a treacherous thing it is, to believe that a person is more than a person."
(Paper Towns )

"Dentro do cartão, eu dizia à Sam que o presente que eu estava dando havia sido dado a mim por minha tia Helen. Era uma velha gravação em 45 rpm com "Something", dos Beatles. Eu costumava ouvir todo o tempo quando era pequeno e pensava em coisas de gente grande. Eu ia para a janela do meu quarto e olhava meu reflexo no vidro, e as árvores por trás, e ouvia a música por horas. Decidi na época que, quando conhecesse alguém que eu achasse tão bonita quanto a canção, eu daria o disco de presente a essa pessoa. E não quis dizer bonita por fora. Eu quis dizer bonita de todas as formas. E assim, eu estava dando para Sam."
(As vantagens de ser invisível)

"A gente aceita o amor que acha que merece."
(As vantagens de ser invisível)

“...Eu contei para ele que o amava, a voz descendo de tom até o sussurro. E ele disse que isso apenas não bastava...”
(Como eu era antes de você)

"- Às vezes, as coisas mais reais só acontecem na imaginação, Óscar – disse ela – A gente só se lembra do que nunca aconteceu."
(Marina)

"O cemitério do Sarriá é um dos lugares mais escondidos de Barcelona. Quem procura no mapa não vai achar nada. (...)  
– Isso está meio morto, não? Sugeri, consciente da ironia. (...) 
Marina me deu uma olhada que não consegui decifrar. 
– Está enganado. Aqui estão lembranças de centenas de pessoas, suas vidas, seus sentimentos, suas ilusões, sua ausência, os sonhos que nunca conseguiram realizar, as decepções, os enganos e os amores não correspondidos que envenenaram suas vidas... Tudo isso está preso aqui para sempre."
(Marina)

“É possível amar muito alguém, ele pensou. Mas o tamanho do seu amor por uma pessoa nunca vai ser páreo para o tamanho da saudade que você vai sentir dela.”
(O teorema Katherine)

"Pelo menos eu carpei um diem."
(Cidades de Papel)

"A cidade era de papel, mas as memórias não."
(Cidades de Papel)

"Eis o que não é bonito em tudo isso: daqui não se vê a poeira, ou a tinta rachando ou sei lá o quê, mas dá para ver o quanto é falso. Não é nem consistente o suficiente para ser feito de plástico. É uma cidade de papel. Quer dizer, olhe só para ela, Q: olhe para todas aquelas ruas sem saída, aquelas ruas que dão a volta em si mesmas, todas aquelas casas construídas para virem abaixo. Todas aquelas pessoas de papel vivendo suas vidas em casas de papel, queimando o futuro para se manterem aquecidas. Todas as crianças de papel bebendo a cerveja que algum vagabundo comprou para elas na loja de papel da esquina. Todos idiotizados com a obsessão de possuir coisas. Todas as coisas finas e frágeis como papel. E todas as pessoas também."
(Cidades de Papel)

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